segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ah! Quantas primaveras!

Aluna: Bárbara Maria Carneiro da Silva

Lá estava eu sentada no banco da praça. Sabe aquela praça por onde todos passam,
riem um para o outro? Onde velhinhos vivem jogando baralho e irradiando simpatia a
todos... onde as árvores são lindas e verdes e, após uma hora de caminhada, oferece
repouso para minhas cansadas pernas!? Mas aquela não era uma praça qualquer, era a
praça da minha cidade... ah, Cordeirópolis! Então, por este e por mais mil motivos, ela
nunca deixará de ser especial.
Meus olhos piscaram e, de repente, refleti sobre o que seria daquela praça sem as
pessoas, sem as anciãs enraizadas que carregam em cada folha que cai ao chão a espe-
rança, sem o vento a sussurrar em meus ouvidos e solenemente bater em meus cabelos e
bagunçá-los... mas, afinal, o que seria dali sem os velhinhos que todos os dias se reúnem
para jogar cartas nas mesinhas construídas especialmente para eles? Conseguem imaginar
isso? Quanta alegria! Que praça especial! Talvez eles estejam lá também para se encontra-
rem e darem um ao outro o prazer de terem um amigo e ensinarem que por mais que o
tempo tenha passado a vida ainda não acabou!
Permaneci sentada sozinha e, no decorrer da reflexão, avistei uma mulher com muitas
primaveras, mas não era uma senhora qualquer. Eu sentia dentro de mim que aquela dama
era especial.
Ela também estava sentada sozinha do outro lado da praça, talvez reparando na natu-
reza, nas maravilhas da vida. A coitadinha tinha os cabelos brancos, a pele enrugada, talvez
não sorrisse porque não tinha seus lindos e queridos dentes, que se perderam no decorrer
das estações.
Comparei aquela dama com uma linda e gigantesca árvore imponente ao lado do banco
no qual eu ali estava sentada. Quanta semelhança! Aquela árvore já foi uma semente, logo
depois virou um broto e, em seguida, virou uma muda, e depois virou uma pequena árvore,
141
e logo cresceu, e depois se transformou, e deu seus frutos, e aos poucos envelheceu, mas
continuou com sua beleza esplêndida. E, a cada momento, fui tendo a certeza de que aque-
la senhora dava um colorido diferente àquele cenário.
Aos poucos, fui me aproximando daquela humilde senhora, até que comecei a sentir
ternura por suas alvas madeixas e não deixei de notar que nós duas tínhamos muito em
comum.
Fui chegando cada vez mais perto, já sentindo. Sintam que delícia! Sentei-me ao seu
lado, olhei no fundo dos olhos dela e consegui a coragem para me desculpar: “Como sou
distraída! Desculpe-me, vovó, estou distraída”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário